18/01/2008

Hoje apetece-me...
Questionar,

Numa altura em que se discute, aqui pela Lusa Atenas, a falta de candidatos ao Prémio Edmundo Bettencourt(que visa apoiar a criação de projectos originais dentro da Canção de Coimbra), aproveito para fazer uma pequena reflexão sobre, não só a Canção de Coimbra, mas toda a vivência cultural na academia de Coimbra.
Desde a alguns anos a esta parte, tem-se sentido dentro da academia de Coimbra um cada vez maior afastamento dos estudantes na participação activa desta. A "moda" de se criarem grupos nas várias faculdades da Universidade de Coimbra começou como que uma bola de neve que se alimentou das rivalidades entre elas e que gerou uma série de grupos, a maioria sem qualidade, afastando desta forma os estudantes(à custa de motivações praxísticas) mais interessados por estas práticas a participarem em projectos com vários anos de experiência. Não sou contra a criação de novos grupos dentro da academia, sou sim contra a que se faça só porque o "vizinho" do lado também fez, sem uma base sólida e qualidade suficiente para representar Coimbra.
Este foi o começou de uma morte lenta que cada vez se torna mais clara de uma forte tradição cultural com mais de 700 anos de história.
Depois disto temos também aquilo que me parece ser uma grande falta de interesse por parte das gerações mais novas. A vida académica passa a ser o dia que passam na esplanada de um qualquer café, com um qualquer copo na mão, tentando cantar uma qualquer música, de uma qualquer tuna que muitas vezes nem de Coimbra é. Costumo dizer que ninguém sabe o que é estudar em Coimbra, quem nunca na Academia entrou.
Outro motivo de afastamento é a clara e que cada vez maior competição dentro das salas de aulas. Bolonha ainda veio ajudar mais, e pior que isso é a duração dos cursos, além da formação académica me parecer pouca(mas isso são outros mil), também aqui é impossível formar um bom guitarra/viola ou uma boa voz neste tão curto espaço de tempo(quanto mais um Dr.).
Mas (porque nestas coisas há sempre um mas) não teremos nós o dever de mostrar o que é a Academia de Coimbra? Não teremos nós o dever o dever de saber atrair quem se encontra numa qualquer esplanada? Não teremos nós o dever de deixarmos de pensar demasiado no passado e olharmos o futuro? Não teremos nós o dever de MUDAR?
São algumas questões que gostava de ver reflectidas, se tudo continuar na mesma " é a morte do artista".
A Canção de Coimbra, é a prova disso, os grupos são cada vez menos e formados única e exclusivamente por estudantes, tenho dúvidas que exista um.
Parece-me impossível adiar muito mais, é preciso mudar para não acabar!

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